O Grande Paradoxo Da Privacidade 

Artigo escrito por Pedro Torres, CEO da Plan4Privacy

Tal como referimos no artigo anterior, durante o mês de novembro iremos falar sobre Privacidade.  

Nas últimas semanas partilhámos os vários tipos de privacidade, expusemos os mitos que pairam sobre este tema e pelo meio, debatemos a ligação entre privacidade e liberdade.  

Para encerrarmos o tema de novembro com chave de ouro, vamos falar sobre o Paradoxo da Privacidade. 

Se perguntarmos a algumas pessoas se prezam a sua privacidade, o mais provável é que a resposta seja unânime: claro que sim! E todos concordamos, quanto à sua importância e influência na nossa vida. 

Mas, então, se a privacidade é algo assim tão valioso, porque a expomos aos outros, por vezes de forma pouco cuidada? Possivelmente, também aqui, a resposta seria quase unânime: eu protejo a minha privacidade. 

Será? 

Alguma vez lhe passou pela cabeça, agarrar nas fotos das férias ou dos seus filhos, e andar pelas ruas a mostrar a quem passa? Conhecidos e desconhecidos. Quantas vezes partilhou a estranhos, que quando vai jantar fora, escolhe ao restaurante da esquina ou ao da praceta. 

Nunca! Claro que não! Seria isto que responderia, certamente. Jamais o faria! 

Então, se não tem estes comportamentos com as pessoas desconhecidas de carne e osso, porque o faz com as pessoas digitais? 

Será que aceitar pedidos de ligação de desconhecidos nas suas redes sociais; aquelas onde publica todas as suas fotos e mostra onde janta todas as sextas-feiras; não é a mesma coisa de abordar as pessoas na rua e mostrar-lhes a sua vida? 

Claro que sim! 

Ao ter as suas redes sociais públicas ou ao colecionar «amigos» que não conhece é escancarar a sua privacidade, e muitas vezes a privacidade da sua família e dos seus amigos. 

O que pode ter impacto ao nível da segurança, seja a sua segurança ou de familiares, amigos e conhecidos… 

Todos nós prezamos muito a privacidade, contudo, por vezes nem nos apercebemos que acabamos por a expor, quando nos é vantajoso.  

Hoje em dia, são raras as pessoas que utilizam mapas em papel encontrar um percurso. E apesar de acharmos que não damos a conhecer onde andamos, recorremos a aplicações ou sites para nos traçarem o caminho. Ao fazê-lo uma, duas, dez, vinte vezes, estamos a dar todos os dados necessários para sermos rastreados.  

Não queremos que toda a gente fique a saber onde estamos, mas utilizamos o localizador do nosso telemóvel para nos indicar quais as melhores atrações ou restaurantes da zona. 

Quando estamos a fazer uma pesquisa, seja ela de um produto, serviço ou bem, e navegamos por inúmeros sites, clicamos em todos os quadros de «Concordo» que nos aparecem, só para termos acesso ao que desejamos. E clicamos, mesmo sem ler com o que é que estamos a concordar. Nem queremos saber. O que importa é encontrar o que procuramos, mesmo que isso signifique que os nossos dados sejam recolhidos e partilhados com outros sites e aplicações. 

Lembre-se, que mesmo que não ande pelas ruas a partilhar a sua vida privada, publicá-la online tem exatamente o mesmo efeito, se não pior, já que o mundo digital tem uma extensão muito superior ao que o rodeia, seja em termos geográficos ou no que respeita às suas relações familiares, sociais e profissionais. 

Tenha, sempre presente, que, mesmo que seja de forma quase invisível ou que não sinta os efeitos imediatos, a utilização imponderada dos seus equipamentos eletrónicos vai expor a sua privacidade e os seus dados de forma perigosa e invasiva. 

A proteção da privacidade tem de ir para lá da decisão de não contar ou mostrar a nossa vida de forma consciente. 

A sua privacidade é, MESMO, um bem valioso! Proteja-a e escolha bem com quem a partilha. 

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